Os (meus) avós na vida dos netos
Talvez por ver que muito em breve ficarei sem nenhum avô/ avó talvez por agora estar na casa dos trinta e conseguir olhar para trás com mais maturidade, com mais responsabilidade, sei que é imprescindível a presença dos avós na vida dos meus filhos.
As avós e os avôs mudaram muito durante os tempos, agora talvez devido à imposição da vida profissional dos pais, os avós estão mais presentes na vida dos netos. Esta presença é mais longa, mais permanente, e talvez até dê os pais uma ajudinha a educar os seus filhos.
Os meus filhos convivem com os 4 avós praticamente todos os dias. E é isso que eu quero. Quero que, tal como eu agora, um dia mais tarde, olhem para trás e vejam o quanto importantes foram na vida dos seus avós.
Quero que que se lembrem que tinham uma avó ou um avô que deixava tudo para estar com eles, que educava deseducando. Que os levava a todos os lados, que escondia chocolates e outras guloseimas para mais tarde distribuir ( mesmo contra a vontade dos pais). Quero que se lembrem de todas as noites que ficaram lá a dormir, dos jantares e dos pequenos-almoços, do sol a nascer, os raios a entrarem no quarto e a bater nos cristais do candeeiro do tecto e a pintar todas as paredes com uns desenhos mágicos, que se lembrem das brincadeiras que faziam com os cães e dos peixes que insistiam em morrer todas as semanas. Na vontade em estar presente em todos ( mas todos) eventos das suas vidas, sejam eles grandes ou pequenos, nas saudades que tinha quando estávamos ausentes, nas fotografias espalhadas pela casa e pela carteita, no orgulho que anunciava "é a minha neta".
Quero que se lembrem dos picnics no jardim e do jardineiro que era o convidado principal. Das comidas especiais para cada um, dos chocolates que compravam no estrangeiro, dos telefonemas diários, e das prendas constantes, de descer a rampa do jardim sem pedais e da cor das pedras da calçada. Das roupas que trazia de fora, dos brinquedos que encontrava, da porta escondida que dava para uma escadas, dos filmes que gravava em v8 e depois em vhs, do cheiro do perfume e dos cremes, das viagens que faziam todos. Das peripécias no carro, dos penteados que (me) fazia e nunca aguentavam muito, do cabeleireiro ao sábado, da ginstatica de manhã.
Dos beijos e dos abraços, das aventuras que tiveram, do carro que nunca andava depressa, daquela árvore que plantaram ( e que ainda existe), das outras todas que morreram, do chato do pássaro amarelo que cantava de madrugada, do número de telefone fixo e do número de telemóvel, do barulho que fazia o portão quando abria, ou a música que ouvia no rádio, das aulas de pinturas nossas e só dela. Dos miminhos e de todos os telefonemas nunca esquecidos, das cartas escritas e guardadas como se pequenos tesouros fossem, das nossas conquistas e prêmios recebidos orgulhosamente exibidos e guardados até hoje, de todos os conselhos (não seguidos) mas ouvidos, da voz, do cheiro, do toque.
Quero que se lembrem de tudo o que eu me lembro, com as mesmas certezas, com a mesma força, e com a mesma segurança em saber que era o centro dos meus avós.
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