Tenho medo
Não sei se sou uma pessoa forte, há alturas em que acho que sim é muitas outras que tenho a certeza que não o sou. Mas, dantes, tudo o que vinha na minha direcção eu conseguia ultrapassar, de uma maneira ou outra, bem ou mal, lá digeria e com algum custo seguia em frente. Não me lembro de ter medos, tirando aqueles óbvios (que acontecesse algo de mal à minha família, nomeadamente aos meus pais e irmãos), nem muito menos pensava muito nesses mesmos medos.
Agora, e sempre que vejo algo na televisão relacionado, tremo de medo. Tremo de medo que algo aconteça a um dos meus filhos ou ao meu marido. Tremo de medo que algo me aconteça a mim e não poder estar com eles. Penso nisso e assusto-me.
Quero a família perfeita. Perfeita de saúde, perfeita, nós os quatro. Quero ver todos os dias os meus filhos, vê-los crescer e aprender, vê-los com a sua primeira namorada, a tirar a carta, entrar na faculdade, casar e ver os meus netos. Quero isto tudo com o meu marido ao lado. Este marido, não outro.
Estes dias, tenho tido os dois piolhos em casa. Primeiro começou com uma otite e depois a escola teve que fechar devido a um surto de meningite virica. Conclusão, quase uma semana em casa com os dois. Tive que inventar programas e brincadeiras. Inventar diversão e horas de descanso (especialmente para a mãe). Mas sobretudo criamos certos rituais, nossos, e que já nos habituamos tanto e sabem tão bem.
De manhã bem cedo o João aparecia-me pelo quarto, enfiava-se dentro dos lençóis e deitava-se em cima de mim. Com a sua vozinha de criança a tentar falar baixinho e ser muito meiguinho lá me dizia que era ele, o João. Dormíamos mais meia hora, e depois já queria acordar. Nesse mesmo instante o Tomás, no quarto ao lado também acordava. Éramos três na cama, encostados às almofadas,quentinhos, ainda a acordar, a tomar o pequeno-almoço e a ver desenhos animados. Eles completamente em cima de mim, zangavam-se um com o outro quando consideravam que o irmão estava a abusar do seu espaço de mamã. Conflitos matinais.
Depois banhos. Depois íamos sair.
Pequenas rotinas que me fizeram bem, e que me vai ser difícil abrir mão na segunda-feira.
Pensei muito durante esta semana na sorte que temos. Na sorte em termos saúde, e até à data não termos tido nada de grave. Pensei muito também nas mães dos meninos que foram internados com meningite. No susto, no medo, no tormento que passaram.
Estou no mesmo barco. Não sei se pela idade ou por agora ser mãe, mas sinto-mo mais frágil e sensível no que toca a questões menos boas. Mesmo quando vejo na televisão uma notícia de catástrofe, crime ou outra situação péssima......ligo para outro canal porque já não consigo digerir a maior parte das coisas :(
ResponderEliminarAcho que este medo nos vai seguir para sempre. Porque nos preocupamos e porque amamos! É aproveitar os melhores momentos que vamos vivendo, pois esses é que nos dão energia para ultrapassar os outros.
É assim que eu penso para não ficar em baixo com tantas coisas más que podem acontecer! Temos muitas coisas boas para viver e é nelas que temos que nos focar :)
Beijinhos *
É verdade, olhar em frente e não pensar no pior.....
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