Noticias que (me) chocam
Não percebo. Não percebo, e nem sequer consigo
pensar. Vejo na televisão, leio nas revistas e jornais e fico dias (e noites)
com aquilo na cabeça. Com imagens que vi ou que imaginei, com situações que não
vivi nem presenciei mas que não consigo desprender-me, com uma angústia grande
e revolta. Tento não pensar nisso, sinto um aperto cá no fundo, algo que nem
sei bem explicar o que é, e por isso não quero (nem consigo) sequer pensar.
Ultrapassa-me como mãe, como pessoa, como ser humano.
Acontece-me isto desde que o meu primeiro
filho nasceu, esta vulnerabilidade perante actos horrorosos (e não só) contra
as crianças e bebés. Dá-me aperto grande, uma náusea súbita, e só penso nos
meus filhos, em os querer agarrar e beijar.
Não percebo e nem sequer quero tentar
perceber. Como é que é possível fazer maldades a bebés inofensivos, crianças
pequenas, anjinhos caídos que não pediram para nascer e nem têm culpa do que
está a acontecer.
Já fico chocada quando leio sobre situações
agressivas e horríveis de adultos a adultos. Fico atónita e perplexa quando é
de adultos a crianças. Obviamente são pessoas com algum problema, um distúrbio,
mas mesmo assim não deixa de ser mais bem aceite. Não deixa de ser um crime desumano,
um acto inqualificável perante qualquer lei, qualquer sociedade, qualquer
cultura, país ou língua. E ainda mais inqualificável ( se é que existe tal
patamar), quando se trata de uma mãe (ou pai) com o seu filho.
Um progenitor, pessoa adulta, com maturidade e
responsabilidades. Com a sua personalidade já bem definida, já bem
desenvolvida, sabe distinguir o certo do errado, o bom do mau. Um progenitor
que deu á luz uma vida nova - ou que gerou uma vida nova – que parte do seu adn
está naquela vida indefesa que saiu de si, e ataca-a brutalmente. Um ataque
físico ou psicológico, único ou repetitivo, mortal ou torturado, uma loucura.
Um progenitor, que ataca a sua cria, a cria que deveria defender e proteger (já
nem sequer digo acarinhar), é sem dúvida alguém muito pertubado, um ser inclassificado como
pessoa. Contra tudo que fomos ensinados a respeitar, a viver, e a sentir.
Contra a própria natureza.
Sem palavras, sem conseguir sequer decifrar
quais os adjectivos a utilizar para descrever estas e outras situações que
perturbam e atormentam qualquer mãe, qualquer pai (de saude mental normal).
Nota: fui chamada a atenção que os casos desta semana de infanticídio ocorreram devido ao facto de a mãe estar com uma grande depressão.
Não retiro o que escrevi, não mudo de opinião, e mantenho tudo. A depressão (pôs parto ou não) não aparece de um dia para o outro. Não apanha a pessoa de surpresa , nem muitos menos os que rodeiam a pessoa. Não. Começa dar sinais, subtis no inicio e mais fortes quando já está instalada. Os amigos e familiares apercebem-se do que esta a acontecer, e em muitos casos a própria pessoa também.
Já não vivemos numa sociedade fechada, temos acesso a todo tipo de informações, existe todo o tipo de ajudas, existem milhares de sites na net que ajudam a diagnosticar caso haja depressão, existem linhas telefônicas de apoio, bem como grupos anônimos. É da responsabilidade da pessoa, ou dos seus familiares e amigos que mal comecem a ver que algo está errado, tentar procurar ajuda, tentar saber mais informações, enfim, tentar evitar que o abominável aconteça.
Nota: fui chamada a atenção que os casos desta semana de infanticídio ocorreram devido ao facto de a mãe estar com uma grande depressão.
Não retiro o que escrevi, não mudo de opinião, e mantenho tudo. A depressão (pôs parto ou não) não aparece de um dia para o outro. Não apanha a pessoa de surpresa , nem muitos menos os que rodeiam a pessoa. Não. Começa dar sinais, subtis no inicio e mais fortes quando já está instalada. Os amigos e familiares apercebem-se do que esta a acontecer, e em muitos casos a própria pessoa também.
Já não vivemos numa sociedade fechada, temos acesso a todo tipo de informações, existe todo o tipo de ajudas, existem milhares de sites na net que ajudam a diagnosticar caso haja depressão, existem linhas telefônicas de apoio, bem como grupos anônimos. É da responsabilidade da pessoa, ou dos seus familiares e amigos que mal comecem a ver que algo está errado, tentar procurar ajuda, tentar saber mais informações, enfim, tentar evitar que o abominável aconteça.
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